A famosa “Cidade Perdida” de mais de 3000 anos é finalmente encontrada em Luxor

Divulgado em: 08/04/2021.

Atualizado em: 16/04/2021.

O Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito anunciou ontem (08/04/2021) a descoberta em Luxor da maior cidade já encontrada no país e também uma das mais importantes da história, que foi encontrada pela missão egípcia, chefiada pelo arqueólogo e egiptólogo Dr. Zahi Hawass.

#EgitoAntigoeSeusMisterios
Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Facebook Luxor Times.

Dr. Mostafa Waziry a esquerda e Dr. Zahi Hawas a direita, na cidade descoberta em Luxor. Fotografo desconhecido,  Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Equipe da missão egípcia na cidade descoberta em Luxor. Fotografo desconhecido,  Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Dr. Mostafa Waziry na cidade descoberta em Luxor. Fotografo desconhecido,  Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Essa missão arqueológica iniciou em setembro/2020 com o objetivo de encontrar o templo mortuário do faraó Tutankhamon, escavando entre o templo do faraó Ramsés III em Medinet Habu e o templo do faraó Amenhotep III em Memnon. Essa área foi escolhida porque os templos dos sucessores de Tutankhamon, Ay (adjacente ao lado sul do templo do faraó Ramsés III) e Horemheb, foram encontrados nessa região.

Egiptólogos acreditam que o templo de Ay na verdade pertenceu ao faraó Tutankhamon porque foram encontradas duas estátuas colossais dele no local. A parte norte desse templo está sob a areia.

Área contendo vasos e ânforas de diversos tamanhos. Fotógrafo Desconhecido. Facebook Salima Ikram.

Em poucas semanas de trabalho a equipe egípcia encontrou formações de tijolos de barro, mas elas nada tinham a ver com o templo de Tutankhamon. Tratava-se de uma descoberta muito maior, uma cidade enorme em bom estado de conservação, com suas paredes quase completas e com salas cheias de utensílios do cotidiano. Até esse ponto, a descoberta já seria grandiosa, mas após a identificação de que se tratava da famosa cidade perdida que muitas missões estrangeiras tentaram encontrar, essa virou a descoberta de grande prestígio, assim como a tumba de Tutankhamon.

Visão expandida da área contento vasos e ânforas de diversos tamanhos. Fotógrafo Desconhecido. Facebook Salima Ikram.

A equipe chamou a cidade de “A Ascensão de Aton”. Ela tem 3.000 anos e foi fundada pelo faraó Amenhotep III, o nono rei da 18ª dinastia que governou de 1391 a 1353 a.C.. Essa grande cidade esteve ativa durante a corregência dele com seu filho, Amenhotep IV, mais conhecido como Akhenaton que criou o culto ao deus Aton. Posteriormente a cidade foi usada por Tutankhamon e seu sucessor Ay.

Foi possível confirmar a datação da cidade através dos artefatos encontrados, como anéis, escaravelhos, vasos de cerâmica colorida e tijolos de barro que continham o cartucho do faraó Amenhotep III (Neb Maat Ra).

Detalhe da ânfora com inscrições  hieroglificas. Fotógrafo Desconhecido. Facebook Luxor times.

Detalhe da ânfora com inscrições  hieroglificas. Fotógrafo Desconhecido. EG24News.

Essa descoberta é de grande importância porque além de revelar detalhes do local, pode responder diversas dúvidas que existem com relação ao reinado do faraó Akhenaton, que construiu a cidade de Amarna.

Para se ter uma noção melhor de toda essa grandiosidade, esse foi o maior assentamento administrativo e industrial da margem ocidental de Luxor, referente à época do império. Referências históricas dizem que no local haviam três palácios reais do faraó Amenhotep III.

De acordo com Zahi, as ruas são cercadas de casas, onde algumas tem paredes de até 3 metros de altura. Ele acredita que essa cidade se estende a oeste até Deir el-Medina.

Detalhe da cidade descoberta em Luxor. Fotógráfo desconhecido,  Facebook Ministry of Tourism and Antiquities.

Quando a missão completou sete meses de trabalho, veio a tona várias áreas/bairros. O Ministério do Turismo e Antiguidades detalhou esses locais:

“Na parte sul, a missão encontrou uma padaria, uma área de cozinha e preparação de alimentos, com fornos e armazenamento de cerâmica. Pelo seu tamanho, podemos afirmar que a cozinha atendia a um grande número de operários e empregados.

A segunda área ainda parcialmente descoberta é o distrito administrativo e residencial, com unidades maiores e bem organizadas.

Esta área é cercada por uma parede em zigue-zague, com apenas um ponto de acesso que leva a corredores internos e áreas residenciais. A entrada única faz-nos pensar que se tratava de uma espécie de segurança, com a possibilidade de controlar a entrada e saída de zonas fechadas.

As paredes em zigue-zague são um dos raros elementos arquitetônicos da arquitetura egípcia antiga, principalmente usadas no final da 18ª dinastia. A terceira área é uma oficina”. (FACEBOOK MINISTRY OF TOURISM AND ANTIQUITIES,2021).

Vista parcial da cidade com muros em zigue-zague. Fotografo desconhecido. Facebook Zahi Hawass.

Corredor interno da cidade, muro em zigue-zague a direita.  Fotografo desconhecido. Facebook Zahi Hawass.

Foi encontrado também uma área onde os tijolos de barro que continham o cartucho do faraó Amenhotep III eram produzidos, para serem utilizados na construção de templos e tumbas, por exemplo.

Artefatos encontrados na cidade descoberta em Luxor. Fotógráfo desconhecido,  Facebook Ministry of Tourism and Antiquities.

Em uma outra área da cidade, eram produzidos amuletos e delicados elementos decorativos, que poderiam ser utilizados em decorações de templos e tumbas. Muitos moldes de fundição que eram utilizados para essa finalidade, foram encontrados nesse local.

Shabits encontrados na cidade descoberta em Luxor. Fotógráfo desconhecido,  Facebook Ministry of Tourism and Antiquities.

Tampa de um vaso canópico. Fotografo desconhecido. Facebook Zahi Hawass.

Em todas as áreas escavadas foram encontrados muitas ferramentas que foram utilizadas em alguma atividade industrial, como fiação e tecelagem.

Foram encontradas também escória de metal e vidro, mas ainda não se sabe em que área elas eram utilizadas.

Sepultamentos também foram encontrados. A equipe destacou dois que são incomuns, o primeiro é de uma vaca ou touro que estava dentro de um dos quartos. Ainda está sendo feito um estudo para entender o propósito disso. O outro sepultamento é de uma pessoa que estava em uma posição incomum, com os braços estendidos para o lado e cordas enroladas nos joelhos. Assim como o sepultamento citado anteriormente, esse também está sendo estudado para se saber o motivo.

Esqueleto de vaca ou touro. Fotógráfo desconhecido,  Facebook Ministry of Tourism and Antiquities.

Sepultamento de uma pessoa com um jarro próximo a cabeça. Fotografo desconhecido. Facebook Zahi Hawass.

Artefatos encontrados na cidade descoberta em Luxor. Fotógráfo desconhecido,  Facebook Ministry of Tourism and Antiquities.

Na parte norte da cidade foi encontrado um grande cemitério, com tumbas de diversos tamanhos esculpidas na rocha, que são acessadas através de escadas esculpidas nessas rochas. A extensão desse cemitério ainda é desconhecida.

Esse tipo de construção foi muito comum na região do Vale dos Reis e do Vale dos Nobres.

Entre tantos achados importantes na região, foram encontrados também dois recipientes contendo cerca de 10 kg de carne seca ou cozida, com a inscrição: Ano 37, carne preparada para o terceiro festival Heb Sed do matadouro do pátio de Kha feito pela açougueiro luwy.

De acordo com o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, essa informação confirma o quanto a cidade era ativa na época da corregência do faraó Amenhotep III com seu filho Akhenaton.

Detalhe de aguns recipientes de argila. Fotógrafo Desconhecido. Facebook Salima Ikram.

A equipe encontrou também um selo de lama que contém as inscrições “gm pa Aton”, que significa “o domínio do deslumbrante Aton”. Sabe-se que este é o nome de um templo construído pelo faraó Akhenaton em Karnak.

Betsy Brian, Professora de Egiptologia da Universidade John Hopkins em Baltimore, nos Estados Unidos, comentou sobre essa grande descoberta: “A descoberta desta cidade perdida é a segunda descoberta arqueológica mais importante desde a tumba de Tutankhamon. A descoberta da Cidade Perdida não apenas nos dará um raro vislumbre da vida dos Antigos Egípcios na época em que o Império era mais rico, mas nos ajudará a lançar luz sobre um dos maiores mistérios da história: Por que Akhenaton e Nefertiti decidiram se mudar para Amarna?". (FACEBOOK MINISTRY OF TOURISM AND ANTIQUITIES,2021).

O trabalho da equipe egípcia continua e pelo visto muitas coisas ainda podem ser encontradas e reveladas. Mas quem sabe algumas perguntas como: “Por que a cidade foi abandonada (se é que foi abandona mesmo) por Akhenaton e a capital passou a ser Amarna?”, “Quando Tutankhamon assumiu o trono, essa cidade voltou a ser povoada?”.

Equipe trabalhando nas descobertas. Fotógrafo Desconhecido. Facebook Salima Ikram.

No vídeo da Luxor Times, o Dr. Mostafa Waziry mostra a cidade e a equipe egípcia trabalhando. Clique aqui para assistir o vídeo.

Veja abaixo mais imagens dessa grande descoberta:

Local onde a missão egípcia está escavando (no círculo em vermelho). E o local onde a missão francesa trabalhou entre 1934 e 1935 (no círculo em azul). Fotógrafo desconhecido, Facebook Dr. Zahi Hawass.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Foto da cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Dr. Hamad Saeed Al Shamsi (Embaixador dos Emirados Árabes) à esquerda e o Dr. Mostafa Waziry (Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades) à direita. Fotógrafo desconhecido, Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Dr. Hamad Saeed Al Shamsi (Embaixador dos Emirados Árabes) e o Dr. Mostafa Waziry (Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades) nos arredores da cidade. Fotógrafo desconhecido, Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Facebook Dr. Mostafa Waziry.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefato encontrado na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefato encontrado na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefato encontrado na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Dr. Zahi Hawass trabalhando na cidade. Fotógrafa Caterina Turroni, The Washington Post.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Peixe fossilizado. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Peixe fossilizado. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Esqueleto de um animal. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Esqueleto humano encontrado na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Esqueleto humano encontrado na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Esqueleto humano encontrado na cidade. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Paredes decoradas. Fotógrafo desconhecido, Daily Mail.

Artefatos encontrados. Fotógrafo desconhecido, Facebook Dr. Zahi Hawass.

No momento há muitas perguntas sem respostas, mas o fato dessa cidade ter sido encontrada em bom estado de conservação, ter muitos artefatos e construções, vão ajudar a contar o que aconteceu há mais de 3.000 anos atrás.

Quem sabe parte da história de Akhenaton deixe de ser um grande mistério. Vamos aguardar as próximas revelações.

#EgitoAntigoeSeusMisterios #EgitoAntigo #AncientyEgypt #Descoberta #Discovery


Referência: Zahi Hawass Announces Discovery of 'Lost Golden City' in Luxor. Facebook Ministry of Tourism and Antiquities. Disponível em: https://www.facebook.com/moantiquities/posts/3980277112017909. Acesso em 09 de Abril de 2021.

Referência: Zahi Hawass Announces Discovery of 'Lost Golden City' in Luxor. Facebook Dr. Zahi Hawass,2021. Disponível em: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=294251502062591&id=100044332304573. Acesso em 09 de Abril de 2021.

Referência: Facebook Salima Ikram-Egyptologist,2021. Disponível em: https://www.facebook.com/SlIkram/posts/3838461382875984. Acesso em 09 de Abril de 2021.

Referência: Zahi Hawass Unearthed the Lost City of “Aten”. Facebook Luxor Times,2021. Disponível em: https://www.facebook.com/luxortimesmagazine/posts/1610586845794487. Acesso em 09 de Abril de 2021.

Referência: DASHISH, Ali Abu. Hawass Announces Discovery of ‘Lost Golden City’ in Luxor. See News,2021. Disponível em: https://see.news/hawass-announces-discovery-of-lost-golden-city-in-luxor/?fbclid=IwAR0OTI8kCeNBacCnvdrLrT5WmlFxBxbLu5escDHitxcxbPnUs9Q5l2DGncc. Acesso em 09 de Abril de 2021.

Referência: AREF,Nevine El. In Photos: Egyptologist Zahi Hawass announces discovery of 3000-year-old 'Lost Golden City' in Luxor. Ahram Online,2021. Disponível em: https://english.ahram.org.eg/NewsContent/9/40/408778/Heritage/Ancient-Egypt/In-Photos-Egyptologist-Zahi-Hawass-announces-disco.aspx. Acesso em 09 de Abril de 2021.

Referência: Zahi Hawass announces the details of the discovery of the lost golden city in Luxor. Egypt News,2021. Disponível em: https://www.eg24.news/2021/04/zahi-hawass-announces-the-details-of-the-discovery-of-the-lost-golden-city-in-luxor.html. Acesso em 09 de Abril de 2021.

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