Seshat – A deusa da Casa da Vida

A deusa Seshat, que significa “A escriba”, é uma deusa do período dinástico. Sua representação apareceu pela primeira vez na 2ª dinastia (2890-2670 a.C.) como uma deusa da escrita e das medidas, para auxiliar o faraó no ritual de “estender a corda”, como vemos na imagem abaixo.

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Faraó Hatshepsut e Deusa Seshat no ritual de estender a corda. Fotografo desconhecido, Iac.es

Com o passar do tempo, ela teve outras atribuições como a manutenção dos registros, medição, contabilidade, patrona das bibliotecas e bibliotecários, e guardiã da Casa da Vida. Essa última deu a ela a oportunidade de ser representada nos templos, sem no entanto, ser a deusa principal deles.

Deusa Seshat, Pedra calcário. Dimensões 52.5 x 59 cm. Pertencente a 12ª Dinastia, 1919-1875 a.C.. Fotógrafo Desconhecido, Brooklyn Museum.

Seshat é frequentemente representada como uma mulher vestindo um vestido longo, e sobreposto a ele uma pele de leopardo, o que na mitologia egípcia simboliza um grande poder e proteção, pois seria como se ela estivesse vestindo a pele dos inimigos derrotados em batalha. E o motivo do animal ser o leopardo seria porque esse animal era um predador muito comum naquela época.

Sobre sua cabeça, um adorno com uma flor de sete pétalas ou há quem diga que seja uma estrela de sete pontas, associada ao reino dos deuses. O número sete na mitologia egípcia simbolizaria a perfeição e integridade.
Na parte superior do adorno há uma espécie de arco, o que poderia representar destreza e precisão. Há também a interpretação que seria uma luz emanando de sua divindade. Outra teoria é que seria um par de chifres invertidos ou duas serpentes interligadas.

Deusa Seshat, Templo de Luxor. Foto Jon Bodsworth, World History Encyclopedia.

Ela também e descrita como sendo a esposa ou a filha do deus Thoth, o deus da sabedoria, escrita, matemática, medicina, arquitetura e das demais ciências que os egípcios antigos utilizavam.
Apesar de Seshat ser uma escriba, ela é sempre representada como coadjuvante na cena, ou seja, o ato de escrever nas cenas são praticados por Thoth, e não por ela, como vemos na imagem abaixo.

Deusa Seshat e Deus Thoth, Templo de Seti I, Abidos. Foto Kyle Hinojosa, Pinterest.

Os egípcios antigos acreditavam que havia um paralelo entre a vida na terra e no reino celestial, ou seja, tudo que fosse feito na terra espelhava no reino celestial e que após a morte sua jornada continuaria de onde parou na terra. E diante desse entendimento, Seshat seria a escriba sagrada, ela enviaria ao reino celestial as obras redigidas pelos escribas na terra, armazenando-as na biblioteca sagrada. Dessa forma os escritos mortais também eram imortais. No Reino Médio (2613 – 2181 a.C.) esses escritos eram muito variados, desde registradora de eventos diários, despojos de guerra, tributos devidos e pagos. Já no Reino Novo (1570 – 1069 a.C.) ela foi intimamente ligada ao registro dos anos de reinado dos faraós e seus festivais de jubileu.

Deusa Seshat, Pedra calcário. Dimensões 52.5 x 59 cm. Pertencente a 12ª Dinastia, 1919-1875 a.C.. Fotógrafo Desconhecido, Brooklyn Museum.

Há casos onde Seshat é representada ajudando a deusa Nephthys a reviver o falecido na vida após a morte no julgamento de Osíris, no salão da verdade. Ela ajuda o falecido a reconhecer os feitiços do livro dos mortos. Com isso o falecido chegaria no reino celestial.

Um detalhe do Livro dos Mortos de Aaneru de Tebas , Terceiro Período Intermediário , XXI Dinastia, 1070-946 a.C. ( Museu Egípcio , Torino). Fotógrafo Mark Cartwright, World History Encyclop

A Casa da Vida era um local (físico) dedicado ao estudo.
Ela era uma combinação entre biblioteca, instituição de ensino superior, scriptorium (sala dedicada a cópia de manuscritos), gráfica, entre outros. Localizava-se dentro dos templos ou no complexo de templos e sempre era presidida por Seshat e Thoth. 

Paleta do escriba Meryra com cartucho com o nome do faraó Tutmés IV. Fotógrafo desconhecido, The British Museum.

Seshat realizava todas as tarefas de sua responsabilidade como escriba dentro da Casa da Vida, e como mencionado anteriormente, ela estava representada em todos os templos, o que a fez ser presente em todos eles, mesmo não havendo um dedicado somente a ela.

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Referência: MARK, Josua J.. Seshat. World History Encyclopedia, 2016. Disponível em: https://www.ancient.eu/Seshat/. Acesso em 26 de Março de 2021.

Referência: CANNON-BROWN, Giulie. Seshat Egyptian goddess. Britannica, 2009. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/Seshat. Acesso em 26 de Março de 2021.

Referência: Goddess Seshat. Brooklyn Museum, 2021. Disponível em: https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/3576. Acesso em 26 de Março de 2021.

Referência: CABRAL, Jéssica. Seshat. Museus Egipcio e Rosa Cruz Tutankhamon, 2021. Disponível em: http://museuegipcioerosacruz.org.br/seshat/?fbclid=IwAR0q7yiCkJ_DWEcJ8xl5fhuRsP9g2LTo4XRTf8WvdWcNaUIQr1GPC0FzGms.  Acesso em 26 de Março de 2021.


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