Os artefatos apresentados abaixo, com exceção das caixas de vasos canópicos e um conjunto de vasos canópicos, fazem parte da exposição “Egito Antigo: do cotidiano à eternidade”, do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), que contém obras do acervo do Museu Egípcio de Turim da Itália.
Cada um desses artefatos mostra um pouco sobre o estilo de diferentes épocas e também sobre a sua importância no rito funerário. É importante ressaltar que o processo funerário no antigo Egito era composto de uma série de artefatos e rituais, e aqui será mostrado alguns deles.
Múmia
Os egípcios antigos desenvolveram um processo muito bem elaborado na arte da mumificação para a preservação dos corpos, com o intuito do falecido poder reviver no pós-vida. Porém até o momento, não foi encontrado textos egípcios que descrevam o método utilizado naquela época. Há apenas um documento produzido pelo grego Heródoto que esteve no Egito no final do período ptolomaico, mas o seu relato não é considerado tão confiável, e que descreve a existência de três tipos de mumificações, ou seja, três níveis de qualidade para três tipos de classe social.
Levando em consideração o relato acima, podemos pressupor que o processo de mumificação feito na múmia abaixo, que está na exposição “Egito Antigo do cotidiano a eternidade” do CCBB, foi mais elaborado. Tendo desde a retirada dos órgãos, tratamento com óleos perfumados e o perfeito enfaixamento do corpo com tecido.
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Tampa de um sarcófago de madeira, estuque, pintado. Datado entre a XXIII e XXV dinastia. Fotógrafo
desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Múmia desconhecida 1,60x0,31 m, Tebas, datado entre a XXIII e XXV dinastias. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Sarcófago de madeira, estuque, pintado. Datado entre a XXIII e XXV dinastia. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade.
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Sarcófago de madeira, estuque, pintado. Datado entre a XXIII e XXV dinastia. Fotógrafo
desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
Caixões Estilo Amarelo
O caixão abaixo foi descoberto em 1891 em Bab el-Gasus e pertenceu a um sacerdote do templo de Amon, em uma época onde o sacerdote desse templo era muito rico e influente na sociedade do Egito antigo. Ele foi removido da sua tumba original devido a saques contantes por ladrões de tumba, o que era muito comum principalmente no final da XX Dinastia.
Esses caixões são caracterizados por elementos morfológicos e estilísticos repetidos igualmente em toda a produção, ou seja, a montagem dos três elementos, caixão externo, interno e uma tampa falsa, seguiam o mesmo estilo.
Eram produzidos em madeira de sicômoro e amplamente decorado, com pintura em todas as partes dele, com pintura policromática, como vermelho, amarelo, azul, branco e preto e com decorações em alto-relevo moldados no gesso e na parte exterior, uma camada semitransparente, como se fosse um verniz, que cobre toda a superfície e dá a aparência amarelada ao caixão, sendo daí a origem do seu nome “Caixão Amarelo”.
As decorações tanto interna quanto externa, possuem cenas que ajudam o defunto na jornada rumo ao além. A tampa é o elemento que mais sofreu alterações ao longo do tempo.
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Tampa falsa caixão (estilo amarelo), feito em madeira e estuque pintado, XXI dinastia. Fotógrafo
desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Caixão antropóide (estilo amarelo), feito em madeira e estuque pintado, XXI dinastia.Fotógrafo
desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Caixão antropóide (estilo amarelo), feito em madeira e estuque pintado, XXI dinastia. Fotógrafo
desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Tampa de caixão antropóide (estilo amarelo), feito em madeira e estuque pintado, XXI dinastia. Fotógrafo
desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
Vasos Canópicos
Como descrito no processo de mumificação acima, eram retirados os órgãos internos tanto da cavidade torácica quanto da cavidade abdominal. O coração após passar pelo processo de mumificação, retornava a cavidade torácica do falecido, enquanto que o fígado, estômago, intestino e pulmões eram colocados em recipientes específicos chamados de vasos canópicos e geralmente esses vasos eram colocados próximos do sarcófago.
Durante a história egípcia, o formato e o estilo dos vasos canópicos se modificaram gradativamente. A partir do Novo Império, surgiram os vasos canópicos com tampas no formato dos quatro filhos de Hórus, Hapi (cabeça de babuíno), Duamutef (cabeça de chacal), Imseti (cabeça humana) e Qebehsenuef (cabeça de falcão).
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Vasos canópicos de Horteb feito em alabastro, com hieróglifos entalhados precisamente. Período: XXVI dinastia. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito antigo: Do cotidiano a eternidade. |
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Vasos canópicos do sacerdote de Amon, Padiuf, com representação dos 4 filhos do Deus Hórus - Terceiro Período Intermediário (22ª dinastia). Fotógrafo desconhecido, Arqueologia Egípcia. |
Esses vasos eram então armazenados em uma caixa, que podia ser de diversos materiais, tais como madeira com acabamento em estuque pintada e alabastro.
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Caixa de vasos canópicos com vasos canópicos do Faraó Tutankhamon com cabeça humana. Fotógrafo desconhecido, História das artes visuais. |
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Caixa de Vasos Canópicos, encontrado na tumba de Hatnefer, Reino Novo. Domínio Púbico. Metmuseum. |
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Caixa de Vasos Canópicos, encontrado na tumba de Hatnefer, Reino Novo. Domínio Púbico. Metmuseum. |
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Caixa de vasos canópicos de madeira, período Ptolomaico. Colecionado por Gustave Jéquier (1868-1946). Fotógrafo desconhecido. Christies. |
Estatueta dos quatro filhos de Hórus As quatro estatuetas abaixo, com base retangular e inscrições em hieróglifo, são representações mumiformes, sendo três com cabeça zoomórfica e uma antropomórfica, feitas em madeira e com acabamento em estuque pintado de branco, enfeitadas com faixas policromáticas. No peito foi pintado o colar Wesekh em amarelo. A cabeça está desenhada com cores bem vívidas.
Elas são a representação dos quatro filhos de Hórus e de acordo com as antigas crenças egípcias, os quatro gênios funerários cooperavam com Anúbis na mumificação do corpo de Osíris.
Essas estatuetas eram colocadas na câmara funerária, próximas ao sarcófago e serviam como proteção aos órgãos que estavam dentro dos vasos canópicos. O fato de ser quatro estatuetas, servia para simbolizar os quatro pontos cardiais, ou seja, o mundo inteiro. Cada estatueta protegia um órgão, conforme descrito na legenda das imagens abaixo.
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Estatueta do filho de Hórus, Hapi (cabeça de babuíno), protegia os pulmões. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Estatueta do filho de Hórus, Duamutef (cabeça de chacal), protegia o estômago. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Estatueta do filho de Hórus, Imseti (cabeça humana), protegia o fígado. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. |
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Estatueta do filho de Hórus, Qebehsenuef (cabeça de falcão), protegia o intestino. Fotógrafo desconhecido. Livro Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade.
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Referência: GRECO, Christian; MARINI, Paolo; TJABBES, Pieter. Egito Antigo: Do cotidiano à eternidade. São Paulo: Art Unlimited, Museu Egizio e autores, 2020.
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