A cidade e o cemitério dos trabalhadores de Gizé

É lindo ver as grandes construções feitas em Gizé, sejam as pirâmides, a esfinge, as mastabas... Tudo isso nos encanta pela beleza e imponência, mas exigiu o trabalho e dedicação de muita gente.

Na área sudeste do planalto de Gizé, há restos de um local de assentamento que é bem grande e é chamado de Heit al-Ghurab. Essa era a cidade onde viviam diversos trabalhadores que ajudaram a construir os complexos das pirâmides dos faraós Quéfren (c. 2558–2532 AC) e Miquerinos (c. 2532–2503 AC). Nessa área há também alguns vestígios ainda mais antigos, que acredita-se ser da época do reinado do faraó Quéops (c.2589–2566 AC).

Visão geral do cemitério dos trabalhadores de Gizé. Fotógrafo Hamdy Mostafa - MoTA,Ministry of Tourism and Antiquities.

 
Foi encontrado dentro das muralhas dessa cidade, casas, ruas principais, um prédio administrativo além de quatro grandes galerias. Acredita-se que essas enormes galerias tenham sido os quartéis onde os trabalhadores preparavam sua comida e dormiam. Fora isso, foi encontrado também uma quantidade muito grande do que serviu de alimento aos trabalhadores, tais como, ossos de peixes, pássaros, bois, ovelhas, cabras e porcos. E isso mostra que alimento não faltava aos trabalhadores de Gizé e também que eles eram muito bem alimentados. E esses trabalhadores precisavam mesmo se alimentar bem porque faziam um trabalho pesado.

Já na parte oeste de Heit al-Ghurab, encontra-se o cemitério da cidade. Nele, assim como é hoje em dia, dá para perceber que o local de enterro de cada cidadão era de acordo com sua situação financeira. Os supervisores dos trabalhadores com uma patente baixa, por exemplo, foram enterrados em mastabas modestas localizadas nas encostas baixa da colina. Essas mastabas eram cercadas por outras menores ou por tumbas em cúpula, que provavelmente pertenciam as suas famílias e aos trabalhadores que eram supervisionados por eles.

Cemitério e cidade dos trabalhadores. Fotógrafo Sandro Vannini,Ministry of Tourism and Antiquities.

Mastabas do cemitério dos trabalhadores de Gizé. Fotógrafo Hamdy Mostafa - MoTA,Ministry of Tourism and Antiquities.

 

Fora o tamanho do local de enterro, a matéria prima utilizada também retratava a condição financeira do morto. A construção do local de enterro dos trabalhadores mais simples, era feita em grande parte de tijolos de barro. Já a dos supervisores de alto escalão e dos artesões mais habilidosos, era feita em enormes mastabas de pedra, que ficavam no alto da encosta. Um bom exemplo é o túmulo de Nefertheith, supervisor de linho, que tem uma linda decoração.

Tumba do supervisor Nefertheith. Foto Sandro Vannini,Ministry of Tourism and Antiquities.

Tumba do supervisor Nefertheith. Foto Sandro Vannini,Ministry of Tourism and Antiquities.

 
Após encontrar alguns corpos, foi possível ter a certeza de que os trabalhadores de Gizé foram não só bem alimentados e tinham onde morar, como também tinham médicos para cuidar de sua saúde. Entre os corpos descobertos, observou-se evidências de um trabalho pesado e em alguns casos, até ossos quebrados. Mas a maioria desses trabalhadores conseguiu se curar dos ferimentos com o atendimento médico que receberam.

Ao olharmos para essas construções de Gizé que sobreviveram até os dias de hoje, ficamos boquiabertos com tanta beleza. Imagina se pararmos poucos minutos só para tentar visualizar tudo sendo construído e o dia a dia daquelas pessoas...

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Referência: Workers’ Town and Cemetery. Ministry of Tourism and Antiquities. Disponível em: https://egymonuments.gov.eg/en/monuments/workers-town-and-cemetery. Acesso em 28 de Setembro de 2020.